sexta-feira, 8 de junho de 2012

BNDES reduz juro para capital de giro

Nos esforços do governo para aliviar a indústria, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tentará puxar uma redução nos custos de crédito para capital de giro. O banco de fomento anunciou ontem redução de juros no Programa de Apoio ao Fortalecimento da Capacidade de Geração de Emprego e Renda (Progeren) e cobrou dos agentes repassadores dos recursos a redução das taxas finais para as empresas.

As taxas caíram de 9,5% ao ano para 6% ao ano, no caso de pequenas e microempresas.

Para médias (com faturamento entre R$ 16 milhões e R$ 90 milhões), passou de 9,5% para 6,5%. Já para as grandes e médias-grandes, a taxa será de 8%, contra 10%. As médias empresas responderam por 48% do valor contratado no programa. Do orçamento total até o fim de 2013, 79% serão destinados a médias, pequenas e microempresas.

O programa, com foco em médias, pequenas e microempresas, que já desembolsou R$ 1,2 bilhão até o mês passado, terá mais R$ 14,207 bilhões até dezembro de 2013. Em 2011, o Progeren desembolsou R$ 4 bilhões. "Queremos ver o esforço de redução de taxas que o BNDES está fazendo integralmente repassado para o cliente na ponta. Além disso, gostaríamos de ver os agentes financeiros colaborando com redução dos seus spreads", disse o presidente do banco de fomento, Luciano Coutinho, ao apresentar as medidas, no Rio.

Concorrência. Para Coutinho, uma maior concorrência bancária e a "parceria" com os bancos públicos deverão levar a essa redução. O Banco do Brasil (BB) é o principal repassador do Progeren, que não tem operações diretas. O BB respondeu por 88% do valor repassado de 2008 a abril de 2012 para microempresas. Para as médias, a participação foi de 44% - o Itaú Unibanco, segundo colocado, ficou com 19%.

"Temos confiança que o BB cumprirá os entendimentos conosco de buscar redução no spread", completou Coutinho, para quem o Progeren "será o programa (e capital) de giro com taxas mais baixas já praticadas no País". O spread médio (taxa que o banco repassador, que assume o risco, cobra sobre o juro do BNDES) no Progeren está em 3,2% - de 4,7%, para as microempresas, a 2,4%, para as grandes.

Além disso, o programa será ampliado. Toda a indústria de transformação que fatura de R$ 16 milhões a R$ 90 milhões poderá recorrer às linhas. Hoje, somente produtos têxteis, confecção de artigos do vestuário e acessórios, e couro e calçados - além de alguns subgrupos de outros setores - são contemplados.

Segundo Coutinho, a medida do governo é uma reação à desaceleração da expansão do crédito à indústria, e uma ação preventiva frente a uma possível piora no cenário externo, com risco de "ruptura bancária na Europa", embora com impactos atenuados no Brasil.

O economista Júlio Gomes de Almeida, consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), diz que o crédito está "desacelerando fortemente", sobretudo nos bancos privados e "com ênfase no setor industrial",.

Já o economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, considera o barateamento de crédito, inclusive com redução de spread, insuficiente.

Fonte: O Estado de S. Paulo
Abimaq

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